Um único imposto sobre um carro de R$34,8 milhões em Goiás equivale ao valor de 15 veículos populares. Descubra como o sistema tributário brasileiro cria abismos entre ricos e a classe média – e por que até os híbridos de luxo não escapam.
Em 2025, o IPVA mais caro do Brasil não é sobre um carro comum: é sobre uma Ferrari LaFerrari que custa R$ 34,8 milhoões.
Seu proprietário pagará R$ 1.200.738 só em impostos – dinheiro suficiente para comprar 15 carros populares, como um Volkswagen Gol 2025. Este caso não é apenas um recorde: é um espelho da desigualdade tributária que privilegia alguns e penaliza outros.
Vou revelar como o cálculo do IPVA transformou este superesportivo híbrido em um símbolo de controvérsia.
Você entenderá por que até mesmo tecnologias sustentáveis, como motores elétricos, não garantem alívio fiscal no Brasil – e como isso afeta até quem sonha em importar uma Tesla Cybertruck.
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A Ferrari LaFerrari: Um Ícone com Preço de Guerra
A Ferrari LaFerrari não é um carro comum: é uma obra de arte sobre rodas.
Produzida em apenas 499 unidades no mundo, seu motor V12 de 6.3 litros combinado a um propulsor elétrico KERS (semelhante ao usado na Fórmula 1) gera 950 cv – potência suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 2,4 segundos.
- Valor de mercado em 2025: R$34,8 milhões (valorização de 400% desde seu lançamento em 2013).
- IPVA em Goiás: 4% sobre o valor venal = R$1.200.738.
- Custo anual de manutenção: Estimado em R$500 mil (incluindo pneus especiais, revisões na Itália e seguros).
Comparações que Chocam: O que R$1,2 Milhão Compra no Mercado Automotivo?
O valor do IPVA desta Ferrari é um orçamento anual para uma família de classe média. Veja o que é possível adquirir com R$1,2 milhão:
- 15 carros populares: 15 unidades de Volkswagen Gol 2025 (R$80 mil cada).
- 5 motos de luxo: 5 Harley-Davidson Road Glide (R$240 mil cada).
- 1 Porsche 911 Carrera GTS Cabriolet 2025: Zero km, com motor boxer de 3.0 litros e 480 cv (R$1,1 milhão).
Curiosidade internacional: Na França, o IPVA (Taxe Régionale) de uma Ferrari SF90 Stradale (R$12milhões) seria €6.000/ano (cerca de R$32 mil) – 37 vezes menor que o valor brasileiro.
Como o IPVA é Calculado? Entenda a Fórmula da Polêmica
O cálculo do IPVA no Brasil é uma colcha de retalhos fiscal:
- Base de cálculo: Valor venal definido pela tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) ou preço de mercado.
- Alíquotas estaduais: Variam de 1% (RO) a 4% (GO, SP, RJ).
- Exceções:
- Em São Paulo, carros híbridos e elétricos são isentos até 2027.
- No Amazonas, veículos com mais de 10 anos têm desconto de 50%.
Exemplo prático:
- Ferrari LaFerrari (R$ 34,8 milhões) em Goiás 4%, com isso, R$ ~1,2 milhão.
- Tesla Cybertruck importada (R$ 1,5 milhão) em Goiás 4%, com isso, R$ 60 mil (valor 95% menor que o da Ferrari).
Híbridos no Brasil: Benefício Ambiental vs. Custo Fiscal
Apesar de a Ferrari LaFerrari ser híbrida, ela não recebe incentivos fiscais em Goiás. Em contraste:
- São Paulo: Isenção total para híbridos e elétricos.
- Europa: Redução de até 50% no IPVA para carros sustentáveis.
Pergunta incômoda: Por que um carro que reduz emissões em 40% paga mais impostos que um SUV a diesel?
Tributação de Luxo: O Abismo entre Ricos e Classe Média
Enquanto o dono da Ferrari desembolsa 1,2 milhão em IPVA, um trabalhador comum com um Fiat Mobi de (R$70 mil) paga:
- Em São Paulo: 3% = R$2.100/ano.
- Diferença: O IPVA da Ferrari equivale a 571 anos de IPVA do Mobi.
Dado alarmante: Segundo o IBGE, 72% dos brasileiros dirigem carros com valor inferior a R$50 mil.
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No Final, Quem Paga a Conta?
O IPVA de R$1,2 milhão não é apenas um número em um boleto: é um retrato da realidade brasileira.
Enquanto o dono da Ferrari LaFerrari paga o equivalente a um apartamento de alto padrão em impostos, milhões de brasileiros se desdobram para pagar o IPVA de um carro usado.
A pergunta que fica é: tributar luxo dessa forma reduz desigualdades ou as aprofunda?
Se, por um lado, o governo arrecada mais com quem tem maior poder aquisitivo, por outro, a falta de políticas de incentivo a tecnologias sustentáveis – como a isenção para híbridos em Goiás – mostra um contrassenso.
Por que um carro que reduz emissões em 40% é taxado como um SUV a diesel?
E por que estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília oferecem benefícios, enquanto Goiás ignora essa pauta?
A resposta pode estar na reforma tributária.
Enquanto o Brasil não revisar seu modelo de cobrança de impostos sobre veículos, casos como o desta Ferrari continuarão a ser símbolos de um sistema desigual.
E você: acredita que tributar carros de luxo em 4% é justo?
Ou deveríamos seguir exemplos europeus, onde alíquotas progressivas garantem equilíbrio entre arrecadação e equidade?
A decisão é sua.
Mas uma coisa é certa: enquanto um único imposto vale 15 carros populares, o debate sobre justiça fiscal nunca será opcional.